Acompanhamento de obra

Terreno sem valor vira casa vencedora de premio mundial

Arrematada em leilão, a pequena residência em local desolado ganhou extensão de arquitetura contemporânea.

19/07/2016 |  POR CAROL SCOLFORO; FOTOS CASEY VALEY E CHRISTOPHER FREDERICK JONES/ DIVULGAÇÃO 

No interior de Brisbane, na Austrália, havia uma faixa de terra sem valor algum. Uma casa pequena e em desuso, que antigamente acomodava o zelador de um salão de dança abandonado, fazia o lugar parecer ainda mais desolado.

Quando o terreno foi a leilão, ninguém se interessou, mesmo com preço irrisório. Exceto um casal que levantou a mão e deu o lance para arrematá-lo: eram os jovens arquitetos Casey e Rebekah Vallance, com planos de resgatar aquela paisagem.

Eles tinham uma crença, que foi tomando corpo ao saírem da faculdade: o desafio poderia fortalecer seu lado espiritual, ao reinterpretar as formas de viver da família. Dentro desse pacote estavam também a vontade de projetar e construir uma residência superando obstáculos – a sensação de conquista, para a dupla, seria infinitamente superior a qualquer outra experiência.

A casinha de três metros ganhou uma extensão paralela ao salão de dança, que continua lá. Sua fachada foi trabalhada com arte: recortes com aberturas altas e baixas permitem avistar a rua e ser visto.

A privacidade é mantida por grandes chapas de aço, perfuradas irregularmente para filtrar a entrada da luz – elas podem ser abertas ou fechadas de acordo com o clima ou a vontade dos moradores.

Os interiores são inteiramente revestidos de madeira e vidros. No décor, poucas e boas peças se sobressaem, como as cadeiras Butterfly, no living.

Uma ampla biblioteca de teologia, herdada do pai de Rebekah, ocupa os corredores que ligam espaços internos ao estar, no segundo andar. 

Estreita, mas alongada, a casa realizou o sonho da família. “A arquitetura como uma jornada de descoberta tem a interessante capacidade de inspirar, às vezes em uma escala muito diferente.

Esta casa tem influenciado projetos como o Centro de Saúde Oral da Universidade de Queensland, em um pedaço de terra na sobra de um parque, que se transformou completamente”, dizem Casey e Rebekah, orgulhosos. Como se não bastasse isso, a obra recebeu o prêmio máximo do Festival Mundial de Arquitetura, na categoria Casa do ano. É certamente algo a se orgulhar.

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